quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Oportunidades de mudar hábitos de consumo


Ontem, comentei sobre a introdução de novas marcas no mercado brasileiro, citando dicas práticas a serem seguidas por empresários para avaliar a viabilidade de entrada de seus negócios no cenário nacional.

Entre as dicas, elenquei uma especialmente importante "RESPEITE OS HÁBITOS DE CONSUMO LOCAIS".

Porém há casos onde negócios já estabelecidas, necessitam de uma mudança de hábitos de consumo para que suas vendas aumentem, e para que o seu setor como um todo tenha maior presença no dia-a-dia da população.

Para esses casos é fundamental que os homens de marketing das empresas estejam atentos às oportunidades que aparecem, e que vão ser determinantes no processo de reeducação do consumidor.

Não será um fato isolado que vai fazer um comprador trocar seus costumes de compra - isso leva tempo - porém será este mesmo fato isolado que abrirá as portas para as empresas abordarem seus novos interesses (ou talvez antigos e ocultos) de forma mais direta.

Veja o caso atual da Lei Seca.

Antes desta lei, como todos sabemos, dirigir alcoolizado, também era uma conduta punível pela legislação brasileira, porém o rigor das punições aumentou muito após a entrada em vigência deste novo dispositivo legal, fazendo com que qualquer motorista pensasse duas vezes antes de "animar" suas festas com álcool.

Isto fez com que o movimento em bares caísse significativamente, assim como o consumo de bebidas alcoólicas de maneira geral.

Os consumidores não sabiam como agir. Precisavam digerir este novo fato.

A primeira indústria a se prontificar a ajudar os seus clientes nesta árdua tarefa de entender o que seria de suas vidas depois dessa lei, e a reagir frente a esse momento de crise "psico-alcoólica", foi a cervejeira.

Vieram rapidamente com estratégias redondas, sem pegar leve, e fazendo sempre seus compradores lembrarem de suas origens.

Foram criativos, inventaram o motorista da rodada, glamurizaram a participação deste indivíduo na roda de amigos, e até que a moda pegou.

Mas qual foi o objetivo de todas estas ações? Mudar o hábito de consumo? Não, foram medidas emergenciais para CONTER A DIMINUIÇÃO DAS VENDAS.

Então, onde o advento da Lei Seca vem abrir espaço para uma mudança de hábito de consumo com o objetivo de AUMENTO DE MERCADO?

Veja o caso das bebidas energéticas. Mercado que cresce em uma velocidade impressionante, estimada em 33,5% a.a. pela ABIR (Associação Brasileira de Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não-alcoólicas). Aqui no Brasil, ao contrário de outros países, por volta de 80% do mercado de tais drinks está voltado exclusivamente para a noite, ou seja, para aqueles consumidores que o bebem misturado a bebidas alcoólicas.

Este hábito de consumo foi o primeiro a surgir desde a criação da categoria. Porém, nos mercados Europeu e Americano, o conceito de "energy drink" é outro. Lá ele não é considerado apenas como um aditivo às bebidas alcoólicas. Lá ele é o fator principal de crescimento da categoria chamada "Functional Drinks", que está matando pouco a pouco a indústria de refrigerantes comuns, os "Soft Drinks".

Os "Funcional Drinks", ou em uma fácil tradução parcial, drinks funcionais, são, como o próprio nome indica, bebidas que devolvem alguma função benéfica ao organismo. E no caso dos energéticos, o retorno é o da energia proporcionada pela cafeína e as propriedades desintoxicantes das suas demais substâncias.

Imagine então, se os consumidores brasileiros, que usam energéticos quase que exclusivamente no período noturno, viessem a considerá-lo um "drink funcional" e passassem a ter o hábito de beber antes de ir para o trabalho, depois do almoço para passar o sono, durante o expediente para ter fôlego para aquela esticada e inclusive à noite.

Visualize o cenário de crescimento deste mercado considerando a situação descrita acima, e tente vislumbrar chance melhor de começar a mostrar o que é um "Drink Funcional" que com a chegada da Lei Seca, onde a mistura com o àlcool não é tão bem-vinda assim.

Esta seria uma grande oportunidade para começar a mudar um hábito de consumo, expandir ações e ampliar vendas.

Infelizmente, nem a própria líder do setor parece estar atenta a isso, sem promover grandes operações baseadas nesta situação, não dando a devida importância a um crescimento estratégico de mercado.

Mais uma vez falta estratégia, sobra comodismo e mesmice.

Meus caros...

...no mercado, quem souber jogar o melhor xadrez a longo prazo vence. E perder oportunidades, é dar a seus concorrentes a chance de um xeque-mate.

Então eu pergunto: vai esperar que alguém dê um em você?

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